Já abriga meu coração,
Parto, com a mais triste agonia,
Parto com a solidão.
Já sinto o vento gelar-me a face,
Já sinto o tempo pesar-me o corpo.
Tenho por bagagem as lembranças
Tenho por ruína as esperanças.
Parto, sem risos nem lágrimas,
Tal como a expressão calma de quem dorme,
Tal como do rio as águas
A contentar-se com seu destino e sorte,
Ou falta dela, ou quem sabe?
A madrugada é longa,
Mas quero que num instante isso acabe.
Assim como não é vista na escuridão a sombra,
Parto, prematuramente e sem rancor.
Não sei o que você sente,
Se é alegria ou dor.
Mas ainda assim vou
Adeus, pra nunca mais,
Parto, e não volto atrás.
06/10/05
Nenhum comentário:
Postar um comentário